quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Candidata a deputada estadual no RN obtém só um voto - e não foi o dela

A diarista Selma Maria Lima da Silva, 49, se surpreendeu com o resultado dela nesta eleição como candidata a deputada estadual pelo PHS (Partido Humanista da Solidariedade) no Rio Grande do Norte. Na lista do TRE-RN (Tribunal Regional Eleitoral), Selma aparece como a única candidata a deputada estadual a obter um voto - e não foi o dela.


Residente em Parnamirim (região metropolitana de Natal), ela contou a imprensa que não fez campanha e não tinha divulgado seu número de urna para que ninguém votasse nela.
"Registrei minha candidatura para ajudar o partido na cota de mulheres. Sou filiada desde 2004 e, por duas vezes, o partido me pediu ajuda por não ter atingido o número mínimo de mulheres candidatas. Eu me coloquei à disposição", conta Selma, que diz sonhar em um dia ser vereadora de Natal para poder ajudar idosos, crianças e animais abandonados.
Estabelecida na Lei das Eleições, de 1997, a cota feminina prevê a reserva de vagas para a participação feminina nos cargos de deputado federal, estadual e distrital e vereador. Em 2009, a regra passou a ser obrigatória e definida em no mínimo 30% para mulheres. Uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) permite inclusive que seja negado o registro da chapa que estiver fora da regra. Em 2015, as mulheres eleitas representam apenas 10% do Congresso, por exemplo.
O presidente do PHS, Leandro Prudêncio, também foi candidato a deputado estadual e obteve 3.791 votos, sem conseguir ser eleito. Ele diz que Selma participa do grupo PHS Mulher e tem ideias interessantes em prol da comunidade.
"O marido dela e ela foram candidatos a vereadores na eleição passada. Não sei o motivo de Selma não ter feito campanha, pois ela tem jeito para a política, sabe falar e tem ideias interessantes. Mas ela não entregou nenhuma carta ao partido desistindo da candidatura. Acredito que alguma dificuldade na campanha, como falta de dinheiro, levou Selma a obter este resultado", disse, desconversando que ela tenha se candidatado apenas para cumprir a cota de mulheres.
O marido de Selma, João Maria da Silva, 49, confirma que nem ele votou na mulher. "Não ia perder meu voto, pois sabia que ela não ia ser eleita. Na eleição passada, quando eu e ela fomos candidatos a vereador, ela também votou em mim, então eu obtive dois votos. Já ela não teve nenhum", disse ele, que trabalha como gerente de condomínio em Natal.
Selma disse que uma irmã foi a sua única eleitora. Ao duvidar que ela fosse candidata, a irmã consultou a lista do TRE, digitou aquele número na urna e, ao vir a foto dela, confirmou o voto.
"Minha irmã disse que viu minha foto e votou. A gente trabalha para ajudar o partido e não recebe nada por isso. Queremos ajudar as pessoas e, se eu fosse eleita vereadora em Natal, com o dinheiro que pagam, daria para fazer um espaço para cuidar de idosos, outro para crianças abandonadas e animais que vivem na rua." Um vereador em Natal recebe cerca de R$ 17 mil, além de verbas de gabinete.
Ela traça planos para a eleição de 2016 e diz que, como está se tornando conhecida como a candidata de um voto, pode ser que as pessoas na próxima eleição se lembrem de votar nela.
"Eu tenho muitas ideias e penso diferente desses políticos todos que estão aí. Se eu tivesse uma chance, ia fazer bem diferente, eu mesma ia ajudar as pessoas. Quem sabe em 2016 a gente tenha dinheiro para investir na campanha", diz a nova futura candidata.

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